Sindeesmat_Aposentatoria

Pelo menos 100 mil mulheres deixaram de se aposentar por tempo de contribuição no Brasil no último ano. Essa queda aconteceu após a aprovação da Reforma da Previdência em 2019, que dificultou as regras para concessão de aposentadorias no país.

Naquele ano, foram 385 mil mulheres aposentadas por tempo de serviço, número que foi de apenas 293 mil em 2020, já sob os efeitos da Reforma.

O presidente do Sindeesmat, Agisberto Rodrigues Ferreira Junior, explica que, entre as principais mudanças que prejudicaram as mulheres, está o fim da possibilidade de se aposentar após 30 anos de contribuição. “Isso deixou de existir para quem começou a trabalhar agora. Para quem já estava na ativa, foram criadas algumas regras de transição, mas, como podemos perceber, o impacto já é grande e cada vez menos mulheres estão se aposentando por ano no Brasil”, afirma.

Proporção de mulheres aposentadas por tempo de serviço encolheu

Embora as novas regras da Previdência penalizem tanto homens quanto mulheres a continuar trabalhando por mais tempo, o impacto inicial foi mais negativo entre as trabalhadoras do sexo feminino.

Antes da Reforma, elas eram responsáveis por 40,5% do total de aposentadorias por tempo de serviço, enquanto os homens representavam 59,5%. Agora, esse patamar já é de 64,8% para homens e apenas 35,2% para mulheres.

Cenário econômico e fim de políticas públicas também prejudica as mulheres

Se o cenário atual no país é de crise e perda de renda, é importante lembrar que, em um passado recente, além de regras menos rígidas para a aposentadoria, o Brasil viveu um período de crescimento econômico, com ampla geração de empregos e políticas de bem-estar.

Entre 2003 e 2014, por exemplo, estima-se que foram gerados aproximadamente 20 milhões de empregos no país. E, com mais empregos disponíveis, as mulheres tinham mais possibilidade de seguir na ativa e se aposentar por tempo de serviço.

Aliado a isso, o período também ficou marcado pela ampliação do acesso à educação em todos os níveis, inclusive no ensino superior, com programas como o Fies e o ProUni, que contribuíram para a formação das mulheres e facilitaram a entrada delas no mercado de trabalho.

Fonte: SINDEESMAT