Participantes de audiência pública da comissão especial da Petrobras e exploração do pré-sal (PL 4567/16) defenderam, nesta quinta-feira (5), a manutenção da estatal como operadora única dos campos do pré-sal como forma de garantir empregos no País.

Para o diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes, não é possível garantir que, com a abertura do pré-sal, as empresas privadas ou estatais internacionais façam aportes de investimento no Brasil. “As petrolíferas optam em pagar multa e gerar empregos em seus países a não pagar multa e gerar empregos no nosso país. O conteúdo local não funciona com essas empresas; é preciso ter a Petrobras como ator nessa indústria de ampliação do parque tecnológico”, afirmou Moraes.

O dirigente negou que a Petrobras esteja falida. Segundo ele, no final de 2015, a empresa aumentou a produção de petróleo e gás natural em 6%, chegando ao recorde diário de produção, no pré-sal, de 1.178 mil barris por dia. Moraes destacou ainda que todas as grandes petrolíferas do mundo estão em crise e que a Petrobras tem capital humano e tecnológico capaz de superar este momento difícil.

“Somos achincalhados a serviço de interesses externos. Porque é importante e imprescindível? A Petrobras é a empresa com maior experiência no mundo em aguas profundas? Assumiu o risco a partir do desenvolvimento tecnológico e do conhecimento geológico das bacias de Santos e Campos. É a eficiência comprovada pelos altíssimos índices de sucesso exploratório e pela alta produtividade”, afirmou.

Indústria naval
O vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Sérgio Bacci, afirmou que, em razão da baixa capacidade de investimento da Petrobras, ela tem preferido fretar embarcações estrangeiras a construir no Brasil, porque dizem que seria mais caro e mais oneroso para a estatal. “Vamos analisar o conjunto da obra: o barco é mais caro, mas gera emprego no Brasil, gera emprego na cadeia produtiva, gera imposto das empresas que operam as embarcações”, afirmou.

Segundo Bacci, a Petrobras deve induzir a demanda de forma a fortalecer a indústria naval. “é necessário ter barreiras para que a indústria se fortaleça mais, pois se isso não acontecer, chegaremos em breve aos mesmos 1800 empregos que tínhamos no ano 2000”. De acordo com o vice-presidente do Sinaval, em 2000, havia apenas 1800 empregos no setor, chegou a 84 mil em 2014 e a previsão é de que chegue ao final deste ano com apenas 35 mil empregos na indústria naval.

“A indústria naval do mundo [Coréia, Japão, China, Noruega, EUA] deu certo porque ou tinha uma demanda induzida por parte do governo [no caso da China] ou incentivos de ordem fiscal ou de subsídios para que a indústria possa andar [no caso dos EUA]. Tanto os EUA quanto a China usam a mesma forma de fomentar a indústria naval. O caminho da Petrobras estava correto, porque induzia a demanda, por conta da Transpetro e da Sete Brasil”, reforçou.

Para o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), foi a corrupção a principal razão pela crise da Petrobras e chamou o processo de “cancerígeno” . Ele também defendeu a abertura dos campos do pré-sal para que haja mais investimentos no País e criticou o modelo de partilha. “Uma das razões da quebra da Petrobras foi o modelo de partilha e das empresas navais e tudo virou pó. E todos foram silenciosos com a corrupção”, afirmou o parlamentar.

O deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA), que propôs o debate, afirmou que todos os países que estatizaram e controlaram as reservas o fizeram em razão de uma política nacional de desenvolvimento. “Todos os países que produzem petróleo utilizam a partilha ou a contratação de serviço. As petroleiras estatais são as que controlam as principais reservas e isso é estratégico. E não podemos, em função de um momento de dificuldade de caixa, abrir mão de um desenvolvimento estratégico da indústria de petróleo e gás no Brasil”, afirmou o parlamentar.

ÍNTEGRA DA PROPOSTA:

 

Fonte: Agência Câmara