SINDEESMATProblemas_Saude-01[1]Oito horas diárias e 44 semanais são os limites da jornada de trabalho estabelecidos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Apesar de o tempo já ser alto, muitos trabalhadores vão além. Noites em claro e excesso de trabalho são comuns em todos os setores da economia.

Como consequência dessas ações, a saúde é comprometida. Segundo estudo da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) de 2006, 78% dos trabalhadores do Brasil fazem hora extra. Desses, 45,3% afirmam trabalhar mais para complementar a renda.

Resultado

De acordo com alguns especialistas, o trabalho extra não é produtivo, uma vez que o excesso gera cansaço, estresse e falta de concentração. Tudo isso a curto prazo. Mas, a longo prazo, os danos podem ser ainda mais graves.

Uma pesquisa divulgada no American Journal of Epidemiology revelou que funcionários que trabalharam mais de 55 horas por semana tiveram problemas de memória, sono irregular e doenças cardiovasculares em pouco tempo. Porém, o estudo mostrou que o efeito é cumulativo.

Após cinco anos, os mesmos funcionários que realizavam excesso de jornada de trabalho demonstraram erros graves em avaliações de raciocínio e vocabulário. Um problema sério que pode se tornar demência.

“Em busca de um ganho a mais, trabalhadores têm sacrificado sua saúde fazendo longos períodos de jornada. Já possuímos excesso de carga horária e temos que lutar pelas 40 horas. Porém, se os próprios trabalhadores não cumprirem com o proposto, de nada adiantará obtermos essa conquista”, explica o presidente do Sindicato dos Empregados em Escritórios e Manutenção nas Empresas de Transportes de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindeesmat), Agisberto Rodrigues Ferreira Junior.

Noturno

Os funcionários que trabalham no período da noite já são precarizados pelo seu horário de trabalho. De acordo com tese de Doutorado da Universidade de São Paulo (USP), a exposição à luz durante a noite gera mudanças no organismo – programado para dormir quando o ambiente é mais calmo e escuro.

Essas mudanças podem gerar problemas imunológicos e até câncer a longo prazo. Dormir durante o dia causa maior cansaço e estresse que, combinados com horas extras, podem ser fatais.

O neurologista e presidente da Federação Mundial do Sono, Clete Kushida, afirma que dormir mal pode causar diabetes, obesidade e, em casos extremos, levar à morte.

“Todos queremos uma vida longa e com saúde. Mas, para isso, precisamos começar hoje a repensar nosso trabalho para que não sejamos ainda mais prejudicados pelos empresários. É a nossa vida. Não podemos permitir que os patrões retiram até isso de nós”, afirma Agisberto.