Com a crise econômica, o aumento do desemprego e a desregulamentação crescente das condições de trabalho da maioria dos brasileiros, tornou-se cada vez mais conhecida a chamada “Síndrome de Burnout”, condição na qual uma grande quantidade de atividades e de estresse pode levar a um colapso nervoso.

No entanto, há um outro lado, nem sempre tão conhecido, desta moeda: a chamada “Síndrome de Boerout”, causada não pelo excesso de demandas e de preocupações com tarefas estressantes, mas, sim, pelo ócio e pela falta de perspectivas.

 

Oficina do diabo

Como o antigo ditado já aponta, “cabeça vazia é oficina do diabo”. A ausência de tarefas, engajamento e desafios por parte de um trabalhador pode ser tão prejudicial para a saúde mental quanto o excesso de cobranças e atividades.

Sentindo-se desestimulado, inseguro e desvalorizado pela falta de autonomia, criatividade e proatividade em sua rotina de trabalho, o empregado pode ter sua saúde mental afetada e desenvolver quadros de depressão e ansiedade.

Ao contrário da Síndrome de Burnout, causada pelo esgotamento do trabalhador frente às cobranças e demandas do dia a dia, a Síndrome de Boreout é fruto do deslocamento e da alienação do funcionário frente às suas tarefas, tirando-lhe o orgulho, o sentido e a sensação de pertencimento ao desempenhar suas funções.

 

Brasil líder em ansiedade e depressão

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), somente no Brasil, cerca de 18 milhões sofrem com problemas de ansiedade, o que coloca o país na liderança do ranking mundial. Já quadros de depressão, segundo estimativas, afetam cerca de 15,5% dos brasileiros ao menos uma vez ao longo de sua vida, e podem, inclusive, estar associados a transtornos físicos.

De acordo com dados da plataforma Smart Lab, desenvolvida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), apenas no Distrito Federal, em 2020 e 2021, foram afastados dez trabalhadores por dia por depressão e ansiedade.

Nos dados nacionais, observa-se que, em 2020, 576,6 mil trabalhadores brasileiros foram afastados de suas atividades apenas por transtornos de saúde mental, o que representa um aumento de 26% em relação a 2019.

 

Fonte: SINDEESMAT